Era sexta feira, talvez o dia mais esperado por mim. A semana havia sido difícil, os dias passaram se arrastando e com isso, fazendo com que eu me sentisse extremamente cansado, tudo o que desejava no momento era um bom banho e o conforto da minha cama. Meus passos aumentavam a rapidez conforme virava a esquina de meu apartamento, já passava das nove horas quando me dei conta.
Assim que girei a chave na fechadura e abri a porta me deparei com a luz da sala acessa, com isso meu coração se acelerou no mesmo instante, ele estava em casa. Fechei a porta atrás de mim rapidamente e larguei o molho de chaves no sofá. Caminhei até nosso quarto que se encontrava com a porta entre encostada, logo me deparei com ele ali, continuava tão lindo como da última vez. Os cabelos lhe caiam nos olhos vez ou outra por falta de corte e apenas com um movimento os colocava no lugar, o corpo esguio e alto ainda era o mesmo, tão convidativo para mim, sentia vontade de abraçá-lo e não largar mais. Mordi meu lábio inferior na tentativa de segurar o sorriso que tentava se formar em meu rosto e como se com se eu tivesse levado um baque ele se desfez rapidamente, meu coração agora batia, mas dessa vez com o desespero tomando conta do meu corpo todo. Em cima da cama jazia uma mala aberta e lá ele depositava todos seus pertences.
Com o maior esforço mandei mensagens pro meu celebro para que minhas pernas pudessem funcionar, me sentei na ponta da cama e apenas fechei os olhos, tentando assim acalmar meu coração que batia assustadoramente forte, chegava a doer. Mais uma vez em menos de dez minutos mordi meu lábio, dessa vez para conter as lágrimas que se preparavam para cair. Minhas mãos tremiam, só me dei conta segundos depois que agarrava o lençol da cama com uma força sem necessidade.
E então, o observei, tirava suas roupas das gavetas sem cuidado algum, as jogava dentro da mala, fazendo o mesmo com o resto de seus objetos que se encontravam no armário do banheiro. O observei minutos a fio, nem uma palavra se quer era direcionada a mim, a não ser os olhares que recebi. Quando tudo parecia ter sido guardado ele fechou o zíper calmamente e deu passos mais lentos ainda em minha direção, sentou-se de frente para mim e seguro uma de minhas mãos, ainda tremulas, o que não pareceu chamar sua atenção. Seu olhar foi deixado nas mesmas juntas, assim como o meu. Um suspiro baixo foi ouvido até que pude ouvir sua voz a primeira vez naquela noite, o que eu devia ter desejado que não acontecesse.
-Vim só pra dizer que tinha pensado em continuar, mas não vai dar. –Buscou meus olhos assim que suas palavras foram ditas, mas não os encontrou, não queria que enxergasse minha fraqueza, apenas larguei sua mão e me levantei, estava doendo mais do que tudo que já havia sentido. Dei-lhe as costas.
-Acho que eu esperava por isso... – As palavras saíram forçadas, quase como em um sussurro. Na garganta já havia se formado em nó.
Tudo o que ouvi em seguida foi o clic da porta sendo fechada atrás de mim, assim como a da sala também e então, desabei. Permiti que meu corpo escorregasse até o chão, me encolhi e chorei, chorei como nunca antes. Era como se meu coração tivesse desistido de bater e certas vezes voltasse incrivelmente forte, minha respiração entrecortada fazia com que meu peito doesse com o esforço que tentava fazer parar respirar e manter as lágrimas que escorriam furiosamente por meu rosto.
Tudo o que senti foi raiva naquele momento. Raiva de todo amor que entreguei, me senti sujo e quebrado por ter entregado o melhor de mim para a pessoa que passou por aquela porta para nunca mais voltar. E eu não saberia, mas desse dia em diante começaria a vir dias piores, os momentos que passaria a noite em claro, que sentiria uma falta tão doida que pediria pra me tirarem dessa vida. Eu não saberia, mas começaria a me arrepender de ter amado.
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