O sol incomodava meus olhos assim que voltei à consciência naquela manhã, lembrei-me que não havia fechado as cortinas noite passada, mas esse dia foi diferente, ao invés de levantar-me irritadiço por tal deslize apenas mantive os olhos fechados, podia sentir sua respiração quente contra meu pescoço, assim como seu braço a minha volta. Esse dia foi completamente diferente, meu coração se encontrava eufórico, tamanha era a felicidade depositada nele, era indescritível a sensação de tê-lo ao meu lado, em minha cama.
Fiz menção de levantar o mais calmamente possível para não acorda-lo ao meu lado. Vesti minha camiseta que havia sido jogada em um canto do quarto noite passada, isso tudo sem antes lhe deixar um beijo nos lábios entreabertos.
Preparei seu café, preto e forte, tudo que ingeria pela manhã. Descobri quando o observava meses antes na cafeteria da esquina, foi lá que tudo começou, a troca de olhares, sorrisos até que um dia de telefones. Mesmo que minha vida não fosse tudo o que um dia desejei, eu gostava de pensar que ele era tudo o que podia precisar. É como fechar os olhos quando mais se precisa usá-los. Mantive meus pensamentos o mais distante possível, nada daquela dor, não no meu dia.
Despejei o liquido escuro e fumegante em minha melhor xícara. Voltei a traçar o caminho para meu quarto com a xícara em mãos, um tanto quanto concentrado, era medo de derrubar o liquido. Minha mão livre foi estendida para que pudesse entrar no recinto, isso junto a ele querendo sair com certa presa, nossos corpos foram chocados um ao outro, no mesmo momento todo o café preto foi atirado contra mim com certa rapidez, um instante seguinte pude sentir queimar meu peito em baixo da camiseta clara.
“Oh David, não presta atenção? Continua o mesmo, sempre tão distraído.” Sua sentença saiu arrogante e debochada. “Preciso ir, estou atrasado, devia ter me acordado.” Vestia sua camisa com alguns botões já fechados, a gravata frouxa em volta do pescoço e o terno em mãos, estava pronto para ir embora.
“Desculpe-me, e... Eu havia levantado para lhe fazer café, não achei que fosse de todo mal,” Ainda segurava a xícara com as mãos tremulas pelo susto. “mas posso buscar outro, sei que fica irritado sem cafeína pela manhã e...”
“Deixe de besteira, já disse que estou atrasado.” Beijou minha testa rapidamente e se afastou até a porta de saída. “Te ligo quando quiser te ver novamente, anjo.” E com isso saiu pela mesma a batendo em seguida.
A queimação em meu peito não doeu como a cena que havia presenciado, arrisco-me a dizer que nada doeria tanto como aquilo. Ainda encontrava-me no mesmo lugar, sem mover os pés, meus olhos já ardiam com as lágrimas teimosas.
Sempre tive medo dos momentos em que ele fechava a porta, nunca saberia quando seria a próxima vez que por ela ele entraria, poderia demorar dias ou não voltar nunca mais e era tudo o que ainda restava em mim, esperança. Esperança de uma vida mais ajustava, uma vida certa e comum como todos a minha volta tinham, nunca entendi como pra mim parecia um sonho impossível. Ainda tinha esperança de um olhar mais afetuoso em que apenas nele eu pudesse ter a resposta para todos meus medos...
Ainda estou esperando diante da porta que você bateu naquele dia, ainda espero que a maçaneta gire e te traga de volta para mim. Espero com um pouco de medo, só não vá dizer que já te perdi.
Talvez suas palavras direcionadas a mim já não tenham tanto significado como um dia teve, pode ser que tenham se perdido como um grito ao vento. Pode ser que hoje você olhe outra pessoa com brilho nos olhos, o brilho que um dia me pertenceu. Talvez eu já não seja seu anjo, um anjo quebrado já não pode ter todo esse valor, não é mesmo? Um anjo sem asas nunca mais será um anjo completo. Seu anjo de vidro foi partido em tantos pedaços que já não pode ser consertado.
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beijos.